quarta-feira, 10 de maio de 2017

UM MUNDO NOVO

(I) Lideranças, Partidos e Comunidades em Tempos de Mudança.
Em tempos de transição ou grandes mudanças como o é agora, é fundamental que tenhamos lideranças fortes e justas, que actuem como a luz de um farol indicando a um mundo confuso, o rumo a tomar, de modo a levar a humanidade a bom-porto. Ser líder de verdade na atualidade, implica enfrentar enormes desafios em face a uma crescente complexidade no teatro de acção política, económica ou social, em resultado de:
1.    O avanço galopante da globalização, que requer uma nova visão para soluções económicas, sociais e ambientais globais, baseadas no primado da justiça e no respeito pela diversidade cultural;
2.    O avanço dos nacionalismos extremos por parte de algumas franjas de populações que incendiadas pelo medo, e até mesmo pela ignorância, reagem à globalização, com o saudosismo a uma realidade  incompatível com o mundo atual. E se na nossa perspetiva tais atitudes constituam verdadeiros  cantos-de-cisne perante a evidência de uma nova realidade multicultural imparável, devem no entanto ser solucionados  e apaziguados a contento;

3.    O conhecimento que se expande exponencialmente, tornando impossível o completo domínio nas diversas áreas, por parte de um indivíduo. Esta condição requer a necessidade por parte de quem lidera uma humildade para aceitar a formação de equipas multidisciplinares que o possam aconselhar e auxiliar nas tomadas de decisões bem informadas para responder às necessidades e anseios de cidadãos ou colaboradores. Esta circunstância faz apelo à prática do  processo de consulta a vários níveis e esferas, de modo a que ouvidas as múltiplas perspetivas sobre um dado assunto se tome, com coragem e determinação, as decisões mais adequadas em causa;
4.    A descentralização reclamada por populações famintas de soluções em muitas das áreas de atuação, é outro desafio para a liderança nestes tempos de transição.
Hoje é fundamental que os líderes saibam construir pontes para novos tipos de alianças, demonstrando também coragem para queimar velhas pontes que pretendam perpetuar alguns comportamentos do passado, incompatíveis com novas soluções de harmonia universal.
O sistema partidário tradicional parece ser um dos baluartes da tradição democrática que necessita de ser modernizado, ou mesmo eliminado. Os resultados eleitorais recentes em vários países (Portugal , Espanha, França, e até na Inglaterra) dão fortes indícios que este sistema divisionário já não satisfaz na plenitude as necessidades do mundo atual. Ganham cada vez maior relevo socio-político as organizações de cidadãos estruturadas em comunidades fortes, equilibradas e livres de todos os tipos de preconceitos, onde cada um dos seus membros é visto como importante elo no desenvolvimento de soluções para os problemas identificados.
Em resumo, os líderes atuais devem ser capazes de guiar com base no conhecimento e na experiência, sem deixar de ser capazes de vislumbrar novas soluções justas, em especial para problemas que se perpetuam há muito, como a desigualdade na divisão da riqueza mundial, na educação e alcance de padrões mínimos de uma vida condigna. E se a situação mundial atual se pode  assemelhar a um Titanic em completa deriva, será necessário haver lideranças capazes de decidir com a urgência que a situação impõe.
No entanto, mesmo parecendo que o nosso navio global possa estar desgovernado, à deriva e sem rumo certo, acreditamos na capacidade humana, quando congrega a sua realidade intelectual e espiritual, para encontrar as soluções que nos transportarão a um futuro risonho da humanidade. A questão essencial é apenas se esse futuro será alcançado após um maior ou menor sofrimento para a maior parte da humanidade, em consequência das decisões dos líderes e de ações individuais de responsabilidade perante as suas comunidades.