sábado, 18 de março de 2017

A Vez e a Voz de Vânia Dilac

Na sequência da comemoração do dia internacional da mulher, Crónicas Bem Ditas, deu a vez e a voz a duas mulheres açorianas que têm demonstrado grande dinâmica na área musical. Publicámos aqui a entrevista com Bárbara Azevedo e agora damos a voz e a vez a Vânia Dilac, senhora de uma voz poderosa a que já ninguém em Ponta Delgada fica indiferente. Vânia, pode-se dizer tem uma personalidade que certamente desafiou algumas mentalidades nos Açores, e em especial em Ponta Delgada, cidade que nos últimos 20 anos se vem tornado mais aberta e cosmopolita. 
Filha de pais moçambicanos, mudou-se para os Açores aos 12 anos. Recorda-se de ter chegado a uma cidade onde ouvia com frequência a frase “ vai para a tua terra” e em que na rua onde vivia pessoas havia que quando algo lhes corria mal na vida vinham bater à sua porta para que eles fizessem um feitiço de África para curar o dito mal.! Hoje sente-se totalmente integrada como açoriana e cidadã do mundo. Diria que hoje ela é um dos reflexos da frase “ a terra é um só país e a humanidade os seus cidadãos”.
 Fomos ouvi-la  num concerto na Gruta do Carvão em Ponta Delgada. Um local sui géneris numa bolsa de lava localizada a 14 m abaixo da superfície do solo. Dias antes tentámos adquirir um bilhete, mas já o concerto estava esgotado. Felizmente  alguém tinha reservado um bilhete e não pareceu e assim pude ouvir o concerto da iniciativa da Associação Ambientalista Amigos dos Açores aquele espaço em Ponta Delgada.  Ouvimos Vânia minutos antes da banda subir (neste caso descer) ao palco. 

 CBD - Vânia como aparece este concerto aqui na Gruta do Carvão?
VD - Bem foi graças a um convite de uma dos amigos da Associação Amigos dos Açores que dirigem esta Gruta. Na sequência do projeto que ando a levar ao público e que se chama “The Meanings of the Blues”, foi-me feito o convite e e eu não me fiz rogada.

CBD - Hoje quando se fala no nome de Vânia, toda a gente refere a tua capacidade vocal já muito profissional. Fala-me do teu percurso musical.

VD -  Bem comecei a cantar aos 12 ano aqui no coro da Igreja Evangélica a que pertenço.  À medida que o tempo foi passando a minha voz foi sendo conhecida. E um dia tive o convite de Luís Alberto Bettencourt para participar num dos seus trabalhos e a partir daí não mais parei de cantar. 

Vânia Dilac & The Soulmates
CBD- Quem são os teu cúmplices em palco hoje?

VD - Apontando para a banda que estava à sua retaguarda: Bem são estes excelentes músicos que aqui estão os Soulmates com quem partilho o projecto que designamos por “The Meaning of the Blues” e que estreámos num concerto no Coliseu Micaelense, esperando leva-lo a muitos outros lugares. 

CBD - Como é que ele surge?
Bem eu tenho os Blues dentro de mim desde que me lembro gostar de música, mas só agora surgiu a possibilidade de termos o grupo completo e assumimos aqui um projeto de Blues, Jazz, funky e  soul como nosso emblema. 

 CBD - Sei que tens outros projectos:

O público  e o capacete obrigatório
VD - Sim tenho também o projecto do Gospel Lava Choire com o qual já nos apresentamos diversas vezes a público com outra composição da deste.

CBD - Como conjugas tudo isso?

VD - Com muito sacrifício e muito querer. É que para além da minha vida profissional propriamente dita, tenho outra responsabilidade, eventualmente a mais importante que é a de ser mãe e mãe solteira, o que requer muita ginástica. 

Minutos depois seguimos todos para as catacumbas da gruta onde de capacete obrigatório assistimos a um excelente concerto intimista e com uma sonoridade única.



Terminamos com uma citação para reflectirmos: 
O mundo no passado foi regido pelo força (homem), mas é cada vez mais evidente de que o mundo do futuro será dominado pela agilidade mental, a intuição e as qualidades espirituais de amor e serviço, nas quais a mulher é mais forte.
“A educação das meninas deve ter prioridade” pois que elas ao serem mães serão também as primeiras educadoras das crianças. 


Vânia participou igualmente  na gravação do meu anterior CD, "Noites de estrelas" que pode ouvir em www.jozemarcelino.com.

jmk

sexta-feira, 17 de março de 2017

APRENDIZAGEM DE HABILIDADES PARA UM MUNDO EM MUDANÇA (SKILLS FOR A CHANGING WORLD)

A minha atividade docente ao longo de mais de 20 anos, faz-me obviamente interessar-me por questões de reflexão sobre a educação e como melhorar o seu papel na formação das competências desejadas para as novas gerações. No recentemente publicado documento em epígrafe as autoras (Rebecca Winthrop e Eileen McGiven) debruçam-se sobre a educação, nomeadamente quanto às metodologias de aprendizagem que garantam que todas as crianças tenham uma aprendizagem de alta qualidade, necessária para criar sociedades vibrantes e saudáveis, ​​perante as mudanças sociais, tecnológicas e econômicas do mundo actual.  Analisando a educação desde os tempos do Homem recolector, as autoras mostram que a preocupação quanto às habilidades e competências que as crianças necessitam para melhor se integrarem na sociedade em geral e o modo de como cultivar melhor essas mesmas habilidades, sempre existiu, nas famílias, empregadores e comunidades ao longo de toda a História da Humanidade. 

No entanto na era do Google, o foco já não deve ser no dominar o conhecimento de conteúdos. Prosperar no mundo em rápida mudança de hoje requer possuir uma amplitude de habilidades enraizadas em competências académicas como alfabetização, matemática e ciência, mas também em capacidades como trabalho em equipa, pensamento crítico, comunicação, persistência e criatividade. Em última análise, os jovens de hoje devem ser aprendizes ágeis, capazes de se adaptar e aprender coisas novas rapidamente em novos ambientes em permanente mudança. Estas habilidades tanto se desenvolvem na escola como em casa, o que nos responsabiliza a todos. 
Reconhecer a natureza dessas mudanças é fundamental para examinar o contexto atual e as grandes mudanças esperadas no futuro e que devem enformar o modo como pensamos na educação hoje. 
Um documento recomendável a quem se interessa por este tema. 
A propósito deixamos aqui  3 passagens do livro Selecção dos Escritos de Baha'ú'lláh sobre a questão da educação no sentido lacto:  
(1) "O homem é o Talismã supremo. A falta de devida educação, porém, priva-o daquilo que ele inerentemente possui(...) Considerai o homem como uma mina rica em jóias de inestimável valor. A educação, tão somente, pode fazê-la revelar seus tesouros e habilitar a humanidade a tirar dela algum benefício."
(2) "Volvei vossas mentes e vontades à educação dos povos e raças da terra, para que talvez as dissensões que a dividem possam, (...), ser apagadas de sua face, e todos os seres humanos se tornem os sustentáculos de uma só Ordem e os habitantes de uma mesma Cidade".
(3) "(...) Não é desejável que um homem seja deixado sem conhecimento ou habilidades, pois será, então, nada mais que uma árvore estéril. Assim, tanto quanto o permitam vossa capacidade e aptidão, deveis adornar a árvore do ser com frutos tais como a sabedoria, o conhecimento, a percepção espiritual e a fala eloqüente."

segunda-feira, 13 de março de 2017

A vez e a voz da Mulher

Comemorou-se há poucos dias o dia internacional da mulher. Dividem-se as opiniões entre os que dizem que todos os dias deviam ser “dia da mulher” e os que acham que esta data é merecida para  assinalar ou chamar a atenção sobre as injustiças causadas  às mulheres. 
Neste blog quisemos ter a vez e a voz de duas mulheres que na minha perspectiva são dois exemplos de mulheres dinâmicas da nova geração e que conjugam uma vida profissional e familiar com atividade artística de música popular em Ponta Delgada. Hoje publicamos aqui a entrevista com a Bárbara Azevedo, e no nosso próximo post a entrevistada será a Vânia Dilac.
Mas antes gostaríamos de deixar alguns pontos de reflexão retirados do livro “Palestras de Abdul Bahá” em Paris, relativamente a este assunto:
“Não há dúvida que “a plena igualdade e um firme senso de parceria entre mulheres e homens são elementos essenciais para o progresso  da humanidade a para a transformação da sociedade, pois só com  a plenitude da igualdade de direitos entre os géneros se poderá avançar para um novo patamar de desenvolvimento completo da humanidade. 
Esta consciência  de igualdade é gerada no seio da família com exemplos e ensinado-se o conceito de que a humanidade é como uma ave de duas asas (uma mulher e outra o homem); só quando as duas forem fortes e impelidas por uma força comum poderá a ave voar rumo ao céu.
O mundo no passado foi regido pelo força (homem), mas é cada vez mais evidente de que o mundo do futuro será dominado pela agilidade mental, a intuição e as qualidades espirituais de amor e serviço, nas quais a mulher é mais forte.
“A educação das meninas deve ter prioridade” pois que elas ao serem mães serão também as primeiras educadoras das crianças

Fomos encontrar a nossa entrevistada num concerto a solo nas instalações das Termas da Ferraria localizadas na base de uma falésia de cortar a respiração e que dá continuidade ao mar. A  noite de vento e frio não impediu que a sala estivesse completamente cheia.

Bárbara é natural do Pico e licenciada em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ponta Delgada. 

CBD - Bárbara fala-nos do teu percurso musical
BA - Sou natural do Pico onde quer o meu pai como a minha mãe eram músicos e foi deles que bebi este gosto pela música. Quis ir um pouco mais longe e quando vim para Ponta Delgada fiz o curso de Piano enquanto participava em diversas atividades musicais. 

CBD - Quando acabaste o curso de Enfermagem foste para fora, Canárias?….
BA - Sim fui por 6 meses fazer Erasmus. Em termos musicais foi um tortura porque não pude pôr os meus dedos sobre um teclado durante 6 meses.

CBD - O que trouxeste de lá? 
BA - Essencialmente uma grande saudade do meu piano. E lembro-me que na minha primeira noite de regresso quase toquei 24 horas seguidas. Em termos musicais trouxe a ideia que culturalmente somos mais ricos pois temos  uma música que podemos chamar de nossa, a tradicional, enquanto nas Canárias isso propriamente não existe, o que há é a música de consumo rápido que se ouve em todo o mundo, para turista consumir. 

CBD - É normalmente o sonho de quem anda na música a edição de um trabalho em CD ou outro formato. Quando pensas que poderá acontecer para ti?
BA - Bem na verdade estou em estúdio a finalizar o meu trabalho. Penso que este ano deverá estar concluído e chegar ao público.


As Termas da Ferraria
CBD - Conjugas facilmente a tua vida profissional com a de artista?
BA- Com gosto consegue-se, e eu tenho muita paixão pela música. Aliás penso que é a paixão que nos permite evoluir ouvindo diversos estilos, pois a pura formação académica não chega.

CBD - Qual a tua opinião sobre esta comemoração do dia da mulher.

BA- Penso que é merecida, para chamarmos atenção para algumas desigualdades que persistem,  sou uma firme  defensora dessa igualdade de direitos, e olha é um dia para as pessoas estarem juntas por uma causa comum.
Recorde-se que Bárbara participou na gravação do meu anterior CD, "Noites de estrelas" que pode ouvir em www.jozemarcelino.com.