quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Entre dois males, o menos

Os resultados das eleições presidenciais recentes nos Estados Unidos surpreendeu muita gente, e
sobre o tema já quase tudo foi escrito.
A razão porque volto ao assunto é o facto  sentir a necessidade de extrapolar o sucedido para os futuros atos eleitorais  que venham a ter lugar por cá e em qualquer parte do mundo.

Consta que durante toda a campanha e consequentemente  no dia da eleição, os americanos  viram-se confrontados com duas realidades de difícil escolha. Por um lado a candidatura que perdeu, representando a experiencia, o conhecimento político,  e os valores da democracia, mas que estaria associada á política tradicional de que muitos estavam fartos, e a candidatura que venceu  representando claramente,  pelas afirmações e comportamentos do candidato, valores que se distanciavam dos ideias da democracia - liberdade, igualdade e fraternidade.  A grande maioria dos eleitores, confrontados com estes dois polos, em que o primeiro era visto como uma mal menor, decidiu abster-se, não indo votar. O resultado desta atitude ensinou-nos que quando confrontados entre duas escolhas difíceis, o ideal é mesmo seguir o ditado: “ entre dois males o menos”, e nunca abster-nos de fazer uma escolha. A democracia põe em cada um de nós a responsabilidade  do exercício  do voto, sob pena de outros escolherem por nós, com as consequências que, no presente caso, começam a ecoar pelo mundo fora.  Por isso, caro leitor, nos atos eleitorais futuros aqui da nossa praça, lembre-se que nem sempre terá bem claro em que candidato deverá votar. Abster-se não será a melhor escolha, como já vimos no caso em questão. Terá mesmo de decidir quais dos candidatos poderá melhor exercer as funções para as quais se pede o seu voto, isto é, terá de escolher o mal menor. No mínimo, com esse ato estará de consciência tranquila de que qualquer que venha  a  ser o resultado final da eleição não se deveu á sua inação.  
jmk

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Emoções (II): A emotividade na má política

No blog anterior prometemos ao querido leitor (a quem agradecemos a fidelidade de leitura) dar continuidade ao assunto da emotividade. 
Na política não é difícil encontrar exemplos de políticos famosos (não é sinónimo de bons)  que souberam usar a fusão de emoções entre o político e o público, de modo a que o primeiro fizesse passar a sua mensagem. Nos documentários que esporadicamente passam em alguns canais de TV, e que lançam um olhar sobre o passado, é fácil identificar a elevada carga emocional presente nos discursos de Hitler, Mussolini,  bem como outros que mais recentemente têm recorrido ao assalto ás emoções do público, para levarem a “água ao seu moinho”!. Em geral, o político disfarça o seu populismo emocional, lançando suspeitas muito subtis sob pessoas, ou grupos. E assim, gota-a-gota vai tornando o seu público mais-e-mais emocional.  A bola de neve vai rolando, até que um número suficiente de pessoas funde a suas emoções e com essa emotividade,   pela qual o político aguarda,  cria-se o terreno propício para que este leve o público a aceitar as suas elucubrações. O medo é geralmente a emoção mais utilizada nesta estratégia, pois o político sabe que se conseguir criar medo numa boa percentagem de pessoas  elas  desistirão das suas ideias  e deixar-se-ão levar pela maré da mensagem do político em que geralmente sobressaem as questões de necessidade da salvaguarda e supremacia nacional, dando uma ilusão de segurança ao povo. No auge, o público emocionado já nem precisa ouvir o que o político diz, pois pura e simplesmente segue-o movido pela energia das emoções, podendo daí advir situações em que se pratiquem actos de grande barbárie humana sobre o(s) visado(s) pelo político, mas  que a emotividade comungada pelos seus seguidores leva a que se recuse  a admitir sequer a ocorrência dessa mesma barbárie. Foi essa a estratégia que durante muitos anos foi usada pelo regime do aparthaid no África do Sul.
Toldar o raciocínio e elevar as emoções ao rubro, matando assim a capacidade do  livre arbítrio, é a arma deste tipo de políticos.

jmk