sábado, 28 de janeiro de 2017

O bobo, o poder e o caos

Imagem do Wikipedia
O bobo da corte, ou bufão, era uma personagem das cortes europeias, funcionário da monarquia encarregado de entreter o rei e a rainha. Usava os seus dotes artístico/literários para ser  o cerimonial das festas. Tornava-se o centro das atenções pela aparência grotesca, resultante geralmente de uma deformidade física,  pelos uniformes espalhafatosos  e coloridos, chapéus bizarros com guizos que usava, e pelo exagero em tudo o que dizia. Tudo lhe era tolerado pois era visto como maluco ou tolo, embora pudesse ser bastante inteligente e sagaz, capacidades essas que usava intencionalmente para atingir os objectivos com bastante liberdade pois ninguém era esperado leva-lo a sério.
Tal como uma cidade necessita de regras para o trânsito fluir sem confusões, a nossa vida em sociedade requer  a existência  de um conjunto de normas, expectativas e comportamentos que permitem que como indivíduos ou grupo saibamos o que esperar uns dos outros. Sem esse conjunto de regras o caos e a insegurança são inevitáveis. Ora, os bobos eram especialistas em provocar o caos, pois nunca se sabia o que iriam dizer, e daquilo que diziam, era difícil discernir a verdade do puro divertimento. No entanto, nessa altura era bem claro quem exercia a arte da bobagem – o bobo -  e quem tinha o poder – o rei, já que os antigos sabiam que concentrar ambas as funções num mesmo indivíduo tinha um potencial caótico enorme. Podemos imaginar quão perigosamente caótica é a sociedade em que o seu ou seus líderes se comportem como verdadeiros bobos ou bufões, declamando conteúdos que não se coadunam com o que o povo espera deles: a seriedade, e a honestidade.
Dá que pensar, mas sobretudo dá para levar-nos a agir localmente de modo a evitarmos que o ruído provocado por tais personagens não nos desviem daquilo que já estabelecemos como sendo valores inalienáveis da nossa sociedade e de uma civilização universal: a unidade na diversidade, a igualdade de direitos, e o livre arbítrio.
Nota: Qualquer semelhança entre o que acaba de ler  e algo que viu ou ouviu poderá, ou não, ser  pura coincidência. 
jmk

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