Londres é uma cidade deslumbrante com uma multiculturalidade
impressionante, pelo menos até ao Brexit.
O meu filho que lá estuda diz-nos que o que mais
gosta daquele país, quando está de regresso a Portugal, é a organização e ordem da sociedade inglesa. Mas confessa que quando lá está tem alguma
saudade da nossa tendência em re-interpretar as muitas leis que temos, de modo a não cumpri-las, aliás como é típico em muitos países latinos.
Há uns anos estava eu e a família no fim do
nosso período de 12 dias de férias em Londres e precisámos de um táxi que nos levasse ao Aeroporto de Stansted de regresso a
Portugal. Chegado o carro, o taxista tentou colocar as nossas cinco malas no
porta-bagagens. Verificou que com todas aquelas malas não seria possível fechar o
porta-bagagens, e muito simpaticamente
disse-nos: “Não posso
levar-vos, visto que não conseguiria fechar por completo o porta bagagens e estaria a infringir a lei”. E, com aquela frieza típica, retirou as malas que já estavam no
porta-bagagens do táxi e deixou-nos
alí à porta do
apartamento que tínhamos alugado, sugerindo que
chamássemos outro táxi. Fizemos uma segunda tentativa e o novo taxista procedeu
como o anterior, mas este aconselhou-nos a ir de autocarro. Contrariados, fizemos
a viagem de autocarro até ao referido
aeroporto, mas já não a tempo para o nosso voo para Portugal. Ao fim de doze
horas (cansativas) de espera pelo voo seguinte, partimos com destino ao
Aeroporto Sá Carneiro. Ao sairmos do
aeroporto dirigimo-nos para a zonas dos táxis,
receosos que provavelmente não aceitariam
levar-nos com tantas malas. Chegada a
nossa vez na fila, o taxista luso colocou as mesmas malas no porta-bagagens e
verificou o mesmo problema: a porta do porta-bagagem não fechava. Já nos preparávamos para as retirar quando ouvimos o taxista gritar para
um colega seu: - Ó Zé, tens aí uma corda?
E lá chegou a corda que prendeu a
porta do porta-bagagem. Suspirámos de alívio e em bom humor os meus filhos já cansados da atribulada viagem gracejaram em voz alta: -“ viva Portugal”… O taxista
desconhecendo a razão desta
saudação comentou: - “devem estar há muito tempo
fora do pais, não”?- ao que
respondemos em uníssono: - “Sim, há muito tempo”.
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