quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Um Mundo em Mudança (II)

A Europa dos valores e das barbáries

Consta que um dos candidatos á presidência francesa declarou em visita recente à ex-colónia Argélia, que a colonização francesa de 132 anos, deveria ser declarada um "crime contra a humanidade", tais foram as barbáries alí cometidas pelos franceses.
Só posso aplaudir esta iniciativa. Na verdade sou da opinião de que todos os países colonizadores (incluindo Portugal) deviam pedir desculpas pelo tratamento de exclusão social, desespero e de tortura até, a que votaram durante séculos, a maioria dos habitantes nativos das terras colonizadas. Enumerar essas barbáries seria demasiado longo, pelo que refiro aqui apenas uma das piores que ocorreu no Congo. A Bélgica do então rei Leopoldo, foi responsável pela morte de milhões de congoleses que trabalhavam como escravos a extrair a borracha que enriqueceu os cofres deste pequeno país. Julgando-se eterno, batizou uma das cidades do Congo (que considerava como propriedade privada sua) de Leopoldville (hoje Kinshasa). Esta tragédia e o silêncio que se seguiu a esta barbárie pode  ser considerado um dos piores escândalos internacionais do século XX.  Para os congoleses não houve até agora “compensações” pelo sofrimento, nem julgo ter havido alguma vez um pedido de desculpas da coroa Belga que continua naturalmente numa vida faustosamente "limpa". 
Parece que muitos países europeus são céleres a condenar questões de direitos humanos, apenas quando estão em causa cidadãos europeus ou se os responsáveis pelas barbáries não forem europeus.


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