A Europa dos valores e das barbáries
Consta que um dos candidatos á presidência francesa declarou em visita recente à ex-colónia Argélia, que a
colonização francesa de 132 anos, deveria ser declarada um
"crime contra a humanidade", tais foram as barbáries alí cometidas
pelos franceses.
Só posso aplaudir esta iniciativa. Na verdade sou da opinião
de que todos os países colonizadores (incluindo Portugal) deviam pedir
desculpas pelo tratamento de exclusão social, desespero e
de tortura até, a que votaram durante séculos, a maioria dos habitantes nativos das
terras colonizadas. Enumerar essas barbáries seria demasiado longo, pelo que
refiro aqui apenas uma das piores que ocorreu no Congo. A Bélgica do então rei Leopoldo, foi
responsável pela morte de milhões de congoleses que trabalhavam como escravos a
extrair a borracha que enriqueceu os cofres deste pequeno país. Julgando-se
eterno, batizou uma das cidades do Congo (que considerava como propriedade
privada sua) de Leopoldville (hoje Kinshasa). Esta tragédia e o silêncio que se
seguiu a esta barbárie pode ser considerado um dos piores escândalos
internacionais do século XX. Para os congoleses não houve até agora
“compensações” pelo sofrimento, nem julgo ter havido alguma vez um pedido de
desculpas da coroa Belga que continua naturalmente numa vida faustosamente
"limpa".
Parece
que muitos países europeus são céleres a condenar questões de direitos humanos,
apenas quando estão em causa cidadãos europeus ou se os responsáveis pelas
barbáries não forem europeus.
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